Hoje

Três anos depois, senti a vontade de escrever aqui, quase querendo um diário.

Fui reler o meu “About me” do blog.

Fiquei feliz e satisfeita porque não mudaria nada dele, vai ficar com estava.

Exceto pela “plena oscilação entre otimismo e pessimismo”. Diria que estou mais para a primeira coisa.

:)

Ato (abusivo) médico

O jogo político corre solto, e nunca para. Enquanto milhares de brasileiros vão às ruas tomar posição, a malha política conseguiu se aproveitar da grandiosidade do movimento #vemprarua. “São tantos problemas que não cabem num cartaz”; é tanta indignação que não cabe em uma manifestação e aquelas que não cabem estão sendo reviradas praticamente por baixo do pano. Em um único dia, conseguiu-se a aprovação da “cura gay” e do ato médico, dois pontos polêmicos e há muito discutidos e que agora não se sabe ao qual dar atenção.

O ato médico, como foi aprovado, se configura em nada mais que um discurso ainda parcialmente ultrapassado e abusivo. Em um contexto da saúde brasileira atual em que se fala tanto em trabalho multiprofissional e especializado, em equipes integradas, querem implantar uma hierarquia para colocar o médico no topo em muitos serviços que não são integralmente necessários. E pior, uma hierarquia de apenas dois patamares (ou três, se contarmos os usuários): o médico e os outros, como se dissesse que os outros profissionais, que já possuem seus serviços regulamentados, nunca tivessem sido capazes de trabalhar naquilo para que eles estudaram e foram preparados; como se dissessem que vão dar conta de partes do trabalho alheio sem antes assumirem que muitos não dão conta do próprio; como se dissessem que nunca sequer ouviram falar dos princípios de universalidade, integralidade e equidade do SUS ou das diretrizes de descentralização dos serviços e da integralidade do cuidado.

Há quem comemore essa espécie de retrocesso, mesmo diante de uma realidade que claramente necessita de profissionais amadurecidos e mais comprometidos com ela. O gigante acordou, mas ainda não tem o controle de alguns pesadelos que teve enquanto dormia.

Como a vida pode ser uma filha da puta

Depois de anos sendo gente e convivendo com gente, aprendi a lidar com algumas decepções não esperando nada da vida. Viver sem expectativas foi o melhor mecanismo de defesa que eu consegui pra isso. Muita gente me perguntava como eu conseguia não ficar nervosa em uma apresentação, ou não me preocupar com prazos de trabalhos… São exemplos simples, mas bem claros. Basta não pensar em como tudo poderia dar certo ou em como tudo poderia dar errado. Era suficiente apenas fazer o que estava ao meu alcance, que tudo ia se ajeitando. E aí eu comecei a perceber que nem todo mundo conseguia fazer isso, nem todo mundo conseguia viver sem expectativas. Então resolvi me permitir criá-las, qual seria o problema? Sou um ser humano, e seres humanos criam expectativas o tempo todo e nunca morreram por isso! E foi aí que tudo deu errado. Porque quando você cria um mecanismo de defesa e de repente não usa mais ele, nunca é uma saída mais simples. Você viveu a vida toda naquele modo e não se preparou pra mudar, mas resolve arriscar. Então, quando você cria expectativas e elas são quebradas, o choque é muito maior, porque não criá-las você já sabe, e criá-las também! Mas lidar com a decepção de pequenos ou grandes planos destruídos, por mais que parecessem tão concretos, seria a primeira vez, depois de tanto tempo. E como acontece? Pra isso, a vida te atinge bem no ponto mais fraco. Machuca de jeito quem você gosta, quem é importante pra você, e ainda não deixa você fazer absolutamente nada por ela. Deixa você só ali de lado, jogada num canto pra assistir o sofrimento alheio, inútil. E é assim que a vida pode ser uma filha da puta.

Um dia sem fins

Estava no meio de um sonho quando foi acordada pelo alarme tocando. Demorou demais no banho, forçando sua mente a relembrar onde o sonho parou. Nunca desejou tanto voltar a dormir e conseguir retomá-lo… Saiu do banho depressa para recuperar o tempo que perdeu devaneando debaixo do chuveiro, sem perceber que não terminara de lavar o cabelo. Aprontou-se rapidamente, tomou metade de um copo de iogurte e saiu de casa. Não conseguiu completar o caminho até o trabalho sem antes parar numa loja; pensava em comprar algo especial para um dia nada especial, mas desistiu da ideia depois de perambular uns poucos cantos da loja. A manhã passou rapidamente, porém monótona. Partiu para o almoço e mais uma vez não terminou algo no seu dia. Distraiu-se pensando, fazendo reflexões aleatórias e desanimadoras sobre si mesma, quando percebeu que deveria voltar para casa e tentar superar essa “fase”. Tinha que começar e terminar alguma coisa, para variar. Sem saber por onde começar, fez um pouco de cada coisa que estava pendente e no fim do dia possuía coisas apenas “menos pendentes”, mas nada concluído. Nem mesmo um choro baixo para “fechar” o dia foi terminado porque foi interrompido por uma ligação. “Oi, como foi seu dia?” “O de sempre.”…

“O” quê

Além de teus abraços, não encontro o que possa me prender a ti. Braços confortáveis não serão o bastante enquanto faltar aquele quê que provoque um mínimo suspiro. Não foi falta de procura, esse tipo de quê existe para que alguém especial veja, mas (ainda?) não apareceu para mim. Não tenho modelos, apenas sei de exemplos, e deles posso dizer que não é nada incomum, mas que nunca chegaria a ser banal. Tem um toque especial e que assim se torna só por fazer parte de ti. Não deixa espaço para hesitações, perguntas ou arrependimentos.

Um cheiro, um trejeito, uma ponta de futuro.  Qualquer coisa que te tornasse mais que suficiente. Necessário.

Esse é o som que contagia, é o som do terceirão!

Neste momento, a colação é apenas uma desculpa para fazer uma review particular de 2011 – um ano que passou correndo pelos meus olhos, mas que por vezes desacelerou em seus típicos momentos de desamparo.

Enquanto sentia-me só e encurralada por minhas responsabilidades incompletas, o tempo sempre parecia durar uma eternidade, mas rapidamente percebia que não estava desacompanhada. Muitas pessoas estiveram ao meu lado, seja compartilhando a mesma apreensão, seja ajudando a aliviar a minha. Se tenho muito pelo que agradecer futuramente, nunca poderei dizer que conquistei tudo por conta própria. A contribuição de cada um só eu sei e para eles tenho agradecimentos infinitos.

Não gosto de pensar que este seja o fim de qualquer coisa, que muitos seguirão destinos diferentes, que o que estar por vir tem grandes chances de não atender às nossas expectativas, sonhos e desejos. Pelo contrário, acredito que nosso futuro será brilhante, não só porque somos chamados de brilhantes amanhãs, mas sim porque é para isso que estamos prontos.

Este é apenas um fim simbólico, pois a luta ainda não acabou. Para concluir o ensino médio, o mundo deu a sua parcela de colaboração, portanto está na hora de retribui-lo.

“Terra de idiotas”, ouvi dizer


Se você pensa que o Brasil está precisando de mais gente desacreditada como você, então está completamente enganada. Era o que eu estava me segurando para dizer, acompanhando todo aquele papo de “ah, deixa disso, nosso país não tem mais jeito”. É essa a visão que boa parte dos brasileiros tem sobre a própria nação, imagine então o que pensam aqueles que são de fora. Para eles, aqui é carnaval todo dia, acompanhado de futebol, cerveja e feijoada. Mas, diga-me uma coisa, estrangeiro tem lá mais a ver com o Brasil do que o próprio brasileiro?

Um clichê de paraíso sexual paira sobre nós, mas a gente tem preguiça de ir contra isso… Preguiça. Foi o que eu ouvi. Somos tão preguiçosos para nos revoltarmos contra qualquer coisa quanto são preguiçosos os políticos que cuidam? de nosso país, tão pouco levado a sério. Ouvi ainda que políticos idiotas estão no poder porque o povo idiota os colocou lá. É tudo culpa do povo idiota – que sempre será idiota – do qual você por um acaso também faz parte… Você que aceita, concorda e contribui para a concepção de que o Brasil já é um país completamente no fundo do poço é tão idiota quanto.

Mais adiante na conversa, comentaram sobre o sublime clichê de que lei alguma funciona por aqui, o que ainda foi refutado por um “pensar desse jeito que tá errado. As leis se aplicam pra quem segue e quem pensa que nem você deveria passar a seguir também”. Mas, para meu maior incômodo, a primeira insistiu em rebater que essa realidade nunca vai mudar, que o jogo acabou. Nessa hora, eu pediria licença para perguntar: e você, moça, acha que existe alguma chance de que alguma coisa mude pensando dessa forma? Não, não, acho que você nem faz questão de que isso mude, ainda bem porque isso aqui não tem jeito, não, moça. “Esse é o Brasil.” Então, já que não se importa, qual seu objetivo na vida, moça?

Você não escolheu ser brasileira, mas não custa conviver com isso. É como pai e mãe, aqueles que você ama incondicionalmente e, não importa o quê, você estará ali para eles assim como eles estarão sempre para você.

“Não vamos mudar 500 anos de história”, mas eu gostaria de mudar pelo menos os seus 15 ou 16 anos de vida. Não, não, eu não me importo, acho que você é que não tem jeito e não quero me dar o trabalho de tentar mudar alguma coisa. Você acha mesmo que valeria à pena tentar transformar essa sua, essa nossa geração maravilhosa que já virou de ponta cabeça recém-chegada na conturbada adolescência? Que é isso, abuso de consciência!

Chega, vamos falar de uma forma que você possivelmente entenda… Nós – eu sei que você também é brasileira – a todo momento cavamos a própria cova, aos poucos retirando um punhado de terra aqui e ali, com alguns que ainda tentam nos jogar um balde d’água, transformando tudo em um lamaçal, não sei qual a bagunça maior.

Meu incômodo maior não é a grande desigualdade de realidade que aqui existe, ou seja lá o que pensam lá fora sobre isso, mas sim que ainda há tanta gente sem fé como você. Gente que não deve acreditar nem em si mesmo, dirá no restante da humanidade. Portanto, desejo a você boa sorte daqui para frente, espero que não se frustre muito quando descobrir que vai ter que enfrentar e conviver com esse povo idiota, justamente quando não adiantar fazer mais nada.

Prove you’re alive


“Warning: If you are reading this then this warning is for you. Every word you read of this useless fine print is another second off your life. Don’t you have other things to do? Is your life so empty that you honestly can’t think of a better way to spend these moments? Or are you so impressed with authority that you give respect and credence to all that claim it? Do you read everything you’re supposed to read? Do you think every thing you’re supposed to think? Buy what you’re told to want? Get out of your apartment. Meet a member of the opposite sex. Stop the excessive shopping and masturbation. Quit your job. Start a fight. Prove you’re alive. If you don’t claim your humanity you will become a statistic. You have been warned.”

— Chuck Palahniuk (Fight Club)